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A vida como ela é – Nelson Rodrigues

Já faz um tempo que queria começar a escrever sobre alguns trechos do trabalho de Nelson Rodrigues e como sempre é tempo pra se começar vamos lá. Desde a tradicional Feira do Livro da USP, quando comprei um grande exemplar da “A vida como ela é”, eu fiquei com essa idéia ideia ( ideia sem acento não tem brilho) na cabeça.

“A vida como ela é” estreou em 1950 diretamente no jornal e foi um sucesso absoluto desde então. Foram várias adaptações para rádio, TV e lançamentos de livros em diversos formatos. Nesta edição que adquiri da editora Agir reúne as 100 crônicas escolhidas pelo próprio Nelson Rodrigues, lançado em sua primeira edição em 1972. Um clássico delicioso de se ler, vale a compra.

Abaixo obviamente vou postar apenas pequenos trechos do conto, se quiser lê-lo por completo compre-o 😉 Não vai arrepender-se.

A Missa de Sangue

-A um morto se perdoa
Ele entrou no quarto. Clélia não morrera ainda. Na última golfada de um líquido escuro veio o nome.. Euzébio. Vizinhas choravam, e Penteado (o marido) sem nenhuma simulação, voltou pra sala lentamente (…) Às sete horas da noite encomendou uma coroa, mandando assinar “Euzébio” (…) Na saída, culminou sua impiedade . Na frente de todos deu a ordem:
– Esta coroa vai em cima do caixão. Parentes da morta ameaçaram “Deus castiga!”
(…) Após receber todas as condolências de todos os presentes, ficou restando um sujeitinho, magrinho, pequenino que veio cumprimentá-lo. Apertaram-se as mãos e o sujeito ciciou:
– Euzébio de Almeida, seu criado.
– Ah perfeitamente! Pois não. Caminharam pela igreja lado a lado em direção a porta. Euzébio despediu-se, pela segunda vez:
– Passar bem, passar bem.
Penteado deixou que ele virasse e pelas costas, deu-lhe três tiros. Euzébio morreu ali mesmo, na calçada.

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